O Kendrick Lamar passou várias mensagens nesses quinze minutos, começando pela sua fala: “A revolução está prestes a ser televisionada. Vocês escolheram o lugar certo, mas o cara errado.” Ele dá a entender que os Estados Unidos estão prestes a passar por uma revolução, mas as pessoas escolheram o líder errado para isso. Quando ele fala sobre a televisão, parece criticar o fato de que a tecnologia permite que apenas certas narrativas sejam mostradas para a população. Isso pode ser uma indireta para Elon Musk e a forma como ele quer usar a inteligência artificial a favor do governo.
Aí entra Samuel L. Jackson, interpretando o Tio Sam — sim, o mesmo que representa os Estados Unidos quando os nossos pais falaram “terrinha do tio sam” No show, ele parece simbolizar os Estados Unidos, principalmente pelas falas que solta, como: “Kendrick, você não está fazendo isso direito. Você está falando muito alto. Isso está soando muito gueto.” Isso pode ser uma referência ao jeito como o governo vê e trata as pessoas pretas nos EUA.
O palco foi desenhado em formato de controle de videogame, dando a entender que Tio Sam estava no comando, jogando com o destino das pessoas. Se reparar bem, conforme as músicas mudam, as luzes sobre cada botão também mudam.
Já as roupas dos dançarinos lembram muito os uniformes dos personagens de Round Six (Squid Game). Pode ser que cada cor represente um nível, igual na série. Então, quando Kendrick canta HUMBLE. e os dançarinos dividem a bandeira ao meio, ele dá a entender que o país está politicamente dividido, independentemente da classe social.
Outro detalhe forte foi quando Kendrick mencionou “40 acres and a mule”. Essa frase faz referência a uma promessa do governo americano, feita na época da Guerra Civil, que redistribuiria terras confiscadas de proprietários brancos para os ex-escravizados. Mas essa promessa nunca foi cumprida. Hoje, essa expressão é usada para falar sobre reparação racial e desigualdade econômica.
Agora entra Serena Williams, que não só é ex-namorada do Drake (com quem Kendrick tem uma rixa), mas também vem da mesma cidade que Kendrick, Compton. Serena já foi silenciada e escoltada para fora de um jogo depois de fazer essa mesma dança em comemoração a uma vitoria. Nos Estados Unidos, é proibido protestar durante eventos de entretenimento, a menos que seja de forma bem sutil — como Kendrick fez nesse show e como Beyoncé fez ao cantar Formation no Halftime Show com o Coldplay.
E claro, Kendrick não ia deixar sua briga com Drake de fora. Ele usou um colar com a letra “a” minúscula, que em inglês é a minor — isso pode significar tanto “uma nota musical menor” quanto “menor de idade”, uma referência à acusação de pedofilia que ele fez contra Drake em suas músicas.
Ele também brinca sobre não saber se deveria tocar Not Like Us, dizendo que “eles gostam de um processo”. Isso parece ser uma referência ao processo judicial que Drake abriu contra a Sony Music Records, alegando que a gravadora lançou uma música com acusações falsas contra ele.
Para fechar a apresentação, Kendrick solta um “TV off”, como se dissesse para as pessoas desligarem a televisão, pararem de se distrair e se unirem para fazer a revolução acontecer.